O setor da construção e habitação é responsável por 35% das emissões de carbono, o segundo maior a seguir aos transportes.
A construção consome também, metade dos recursos mundiais e a maior parte desses recursos não é renovável (exemplo: minerais e metais). Com o aumento da população mundial não se prevê qualquer diminuição destes valores, muito pelo contrário.
Desta forma, os projectos devem ser feitos de forma consciente, com economia de recursos tanto na fase de construção como na fase de utilização de um edifício.
O primeiro pensamento a ter em conta na escolha de materiais sustentáveis é a sua quantidade. Para isso é necessário ponderar o tamanho do edifício. Serão necessários tantos quartos? Será necessária uma sala tão grande, tantas casas de banho e tantas separações por usos?
Depois dessa reflecção, devemo-nos certificar que todos os componentes e sistemas estão a ser bem utilizados, para facilitarem a eficiência dos materiais escolhidos. Por exemplo: revestimentos exteriores devem ser mais do que decorativos, podem desempenhar funções como o sombreamento, a ventilação, etc. As construções mais leves tendem também a reduzir as escavações e o tamanho das fundações, o que reduz significativamente a quantidade de recursos utilizados.
1. Materiais reciclados, reutilizados e de possível demolição
A nossa primeira opção deve recair sobre materiais que já se encontram disponíveis. Estruturas ou revestimentos já presentes, podem ser estudados de forma a serem mantidos para a mesma função, ou totalmente diferente usada de forma criativa. Revestimentos como azulejos podem ser cuidadosamente retirados para continuarem a fazer parte da nova vida do edifício.
2. Materiais renováveis e abundantes
Caso o uso de novos materiais seja necessário, dê prioridade a fontes renováveis, como a madeira ou a fibra. Do ponto de vista ambiental, os materiais orgânicos são preferíveis nas construções, desde que a proporção do seu uso não exceda a taxa de crescimento. Materiais como a pedra (dependendo da pedra em questão – tentar optar pela pedra da região mais abundante), terra, argila, areia ou cascalho são também materiais interessantes pela sua abundância.
3. Materiais com menor emissão de carbono
Como já referido acima, os materiais de construção são responsáveis por grandes emissões cumulativas de CO2. A energia derivada dos combustíveis fósseis é utilizada em cada fase da sua “vida” – extração, produção, transporte e incorporação.
Devemos por isso preferir materiais orgânicos, menos processados, garantindo não só a menor emissão de carbono, mas também a possibilidade de reciclagem.
Procure fabricantes que utilizem pouca energia derivada de carbono, e/ou que possuam bons sistemas de compensação.
Exemplos: aço e madeira reutilizados, gesso cartonado com maior conteúdo reciclado, alternativas orgânicas de isolamento (lê o artigo Como devo escolher o meu isolamento?).
4. Materiais de fontes locais
Minimize a energia necessária para o transporte de materiais de construção, escolhendo materiais (principalmente os mais pesados) de fontes locais e próximas à obra. No caso de materiais reaproveitados, pode compensar obtê-los de locais mais distantes.
5. Materiais adequados e duradouros
A durabilidade resulta de uma combinação entre a escolha de materiais, o projecto e a sua construção.
Um exemplo simples é a escolha de pavimento num local sujeito a mais atrito, mais utilização. Será preferível optar por um material mais caro, mas de características mais duradouras, mais resistente ao impacto, do que escolher algo mais económico e sustentável que terá de ser substituído rapidamente e talvez até mais do que uma vez pelo seu desgaste prematuro.
Verifique sempre as credenciais ambientais de cada material, antes da sua escolha! Quer sejam de fontes locais ou globais.
Uma grande ajuda neste departamento, é o Portal de Construção Sustentável, que inclui além de inúmeros artigos sobre sustentabilidade, e sistemas construtivos, parcerias com empresas já certificadas.
